segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Caio Fernando de Abreu

Quando te falo da idade, quando te falo do tempo, e não tivemos tempo - queria te falar de Cronos, Saturno, da volta pelo Zodíaco quando se completa 30 anos. A tua estrela é muito clara, tem sinais bons na tua testa. Compreendo teu Plutão e a Lua encarcerados na casa XII - as emoções e paixões aprisionadas -, e também Urano, todo o impulso bloqueado. Na mesma casa, a do Karma, a dos espíritos que mais sofrem, tenho também o Sol, Mercúrio e Netuno. Somos muito parecidos, de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidos. E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim - para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura. Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro.



Me queira bem.

Word by word

Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total. Até a próxima morte, que qualquer nascimento pressagia.

Porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.

 - Caio Fernando de Abreu

Behind this un

"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és..."


- Caio Fernando de Abreu

Can you read my mind ?

O mais engraçado, ou menos, como preferir, é o vazio que estou sentindo dentro de mim. Uns dias atrás eu tinha certeza de tudo, ou quase tudo pelo menos, e agora, eu não quero mais ter certeza. Certeza é algo muito incerto ainda se for pensar no lado metafórico, pra mim.
Eu gosto de coisas que me tiram o ar e a sanidade. Gosto da intensidade dos momentos, da profundidade de um olhar, do arrepio de um toque. Gosto que me deixem sem palavras, pois é aí que eu estou completamente vulnerável e meu eu vem à tona e me liberta. Sinto muito coração, mas eu não nasci para ser presa. Você mais do que ninguém me conhece. Eu nem me conheço às vezes e prefiro que assim seja ... me conhecendo a cada erro e acerto que eu cometo. Descobrindo minhas qualidades, defeitos e nobrezas.

Alguém que eu possa chamar de meu, porque me permitiu à isso. Alguém que me faça merecer seu amor, sua preocupação e dedicação, e o principal: sua confiança. E pedirei, por favor, que não me faça promessas. Palavras não passam de grafias se não forem colocadas em prática. Palavras doem da mesma forma que uma ação mal intencionada. Um erro. Uma distração. Um piscar.

Calma coração, um dia tudo muda. Quem sabe o nosso amanhã ? Ninguém, nem nós dois. Eu só te peço uma coisa: nada de promessas, ilusões, fazer ou dizer coisas bonitas num primeiro encontro ... seja transparente comigo que eu serei com você.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Let it be

O texto anterior foi um dos meus últimos no momento. Por ora, manterei um hiato indeterminado.