domingo, 9 de setembro de 2012

Who to blame ?

Culpo à ti e somente à ti pelo que me fizeste. Culpo suas palavras tão bem escolhidas, polidas com o mais belo sentimento. Culpo seus olhos, por me fazerem enxergar que o seu mundo pode ser o meu mundo e vice-versa. Culpo suas mãos, por serem tão quentes e quando me toca, provoca-me arrepios da cabeça aos pés. Culpo sua boca por silenciar-me de uma forma tão doce e única. Culpo seus ouvidos por ouvirem minhas loucuras e me apoiar em algumas delas (principalmente quando elas dizem respeito a nós). Culpo você, por quem eu me apaixono a cada dia, por mostrar-me como seria viver ao seu lado, por ser tão bom pra mim e alimentar meus sentimentos por ti. Meus pensamentos voam, dispersam-se e retornam em segundos e a sensação de ter meu coração batendo mais rápido a cada vez que te vejo é viciante. Olhar pra trás e ver o quanto já passamos e perceber que se não era pra ser, já teríamos morrido um pro outro há algum tempo. Mas tudo foi diferente, e estamos aqui agora, um precisando do outro, um querendo o outro.

Eu posso viver sem você mas a questão é que eu não quero. "E é tão certo quanto o calor do fogo (...) Não consigo dizer se é bom ou mal, assim como um ar me parece vital. Onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, sem você não tem graça.".

Eu não penso em nada. Há tempos livrei minha mente de pensamentos que poderiam acabar com toda a fantasia que eu criei e alimento desde então ... mas a questão é: eu quero ? Não, não quero porque eu não sei mais viver sem eles. É um escudo, uma proteção, uma bolha confeccionada para que minha vivência fosse possível dentro desse mundo inóspito. Parece que me tornei numa personagem da minha própria vida. Meus amigos, não os vejo mais com os mesmos olhos de antes, porque assim como eles eu também mudei. Boa ou ruim, a mudança aconteceu. Meus olhos tomaram rumos diferentes, me guiaram para rumos desconhecidos que passei a me interessar mais e mais e mais ... até morrer. Calma, não morri, rs. Foi pra dar um tom dramático, rs.

Tenho o dom literalmente de misturar o que relato. Pessoal com relacionamentos amorosos são algo que eu custo a entender.

Watch her roll, can you feel it ?

If'n I'm forgotten, you'll remember me for the day.
Lembre-se de nós pois eu me lembrarei de você. Não permitirei que sua imagem se desvaneça nos meus pensamentos ou que sua essência se perca lentamente dentro de mim até chegar num ponto onde eu já não me lembre mais de quem você é. Não, eu não quero isso.

All the black inside me is slowly seeping from the bone.
Dê-me a luz que reflete nos seus olhos o brilho dessa noite cálida. Faça eu me sentir viva de novo. Queria encontrar palavras, versos, escrevê-los num pedaço de papel qualquer e afugentar todo esse sentimento que faz pesar meu coração. Deixe-me ver seus olhos mais uma vez meu amor. Admirá-los. Gosto de ver a maneira como eles me observam, me intrigam e me provocam. Sinto-me docemente invadida e irritantemente imóvel. Incapaz de reagir, ... ah, como eu adoro quando isso acontece.
Venha uma vez. Venha novamente. Quero te ter por perto e abraçar seus pensamentos, seus sonhos, seu corpo, você. Não fuja entre devaneios, não escape dos meus braços, não solte minha mão, não mude seu caminho. Me deixe louca de preocupação. Chegue pela noite e me compense com todo o carinho que puder me dar. Quero apenas uma voz chamando meu nome ...

Estava no meu caderno. Uma folha arracanda, amarelada, datada no ano de 2011.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sprawl II

I need the darkness someone please cut the lights.
Eu sempre tive uma concepção muito definida do que queria pra minha vida. E sabia que não era uma salvação, e muito menos algo pelo qual eu me orgulhasse. Mas, infelizmente, eu vivi tanto tempo debaixo desse pensamento que hoje, me aflinge a ideia de que há outro caminho.
            Ser a primogênita da família é uma responsabilidade e tanto para uma guria tão pequena. É como tentar carregar um mundo, uma geração inteira de filhos homens e ser a única menina, é de fato, intrigante. Tenho de concordar com meus pais que eu sempre dei muitas dores de cabeça à eles e pra começar quando eu ainda nem havia nascido. Foi uma gravidez debilitada ... risco de um aborto espontâneo no terceiro mês, depois no quinto e por fim no sétimo. Durante esse período, minha mãe era obrigada a tomar vários remédios para segurar seu frágil "problema". Quatro anos depois, levei meu pai à loucura e extremo desespero ao atravessar a rua enquanto um caminhão passava. É. Agora imaginem só como meus pais agiram comigo após esse acontecimento ... pois é, foi terrível.
Já bati a cabeça numa pedra e levei 8 pontos. Já caí de cara no chão por achar legal pular do sofá da minha vó. Já levei várias boladas na cara que quebravam meus óculos. Mas essa dor não se compara à dor que eu comecei a sentir quando fiquei mais velha. Dores físicas passam tão rápido. Ouvir algo que te magoa e de pessoas muito próximas, vulgo seus pais, ou mais precisamente, seu pai, não é o grande sonho de cada criança.

            A cada dia eu acordava na esperança de "encontrar força para ignorar tudo o que me afetava" mas eu, por infelicidade, dava atenção à isso e o que ganhava ? Mágoa. Difícil ser uma menina de 13 anos. Agradeço por minha memória ter pouquíssimas lembranças da minha adolescência. Não foi nada agradável. Eu era infeliz com a vida, aparência, tinha poucos amigos, me cobrava demais pra ser a melhor mas esquecia de uma coisa, a principal. Contudo, com o tempo fui percebendo que o que eu queria para mim era completamente banal e me aceitei. Aceitei a menina que eu via refletida no espelho. Nessa época, foi quando aprendi a viver os melhores momentos da minha vida. Não pensava em meninos, em namorar, em gastar dinheiro à toa. Eu queria ter lembranças o suficiente para dizer que eu fui feliz. Fernando, te devo tanta coisa ... à Angelina também.

            Sabe quando você prefere ser inconstante ? Acordar de manhã sem saber o que vai fazer no dia inteiro e ir descobrindo aonde quer ir conforme as horas passam. Sem ninguém pra lhe cobrar, pra mandar-te fazer coisas das quais não vê sentido. Mas ter alguém ali, contigo, que te ouve e é ouvido, que te ajuda e que aprendeu a te amar e a te respeitar do seu jeito. Você leva lá suas bronquinhas, mas entende o que elas significam: preocupação. Sente que ela é diferente daquela bronca seguida de um castigo interminável que leva dos seus pais. Eu com quase 20 anos ainda tenho que ouvir uns "vou te colocar de castigo, menina!" de vez em quando, mas ... aprendi a ver essa situação como algo engraçado. Sou uma criança perto deles e é assim que eles ainda me vêem, então não posso cobrar uma postura diferente daquela que eu espero deles se eu não ajo conforme a filosofia que eles pregam, certo ? Errado. Tantas vezes eu já tentei, mas de nada adiantou e agora me vejo dentro de uma casa com pais que não decidem entre um divórcio e salvar o casamento. E me pergunto: como enfrentar sem me afetar ? Infelizmente eu me apeguei à eles de uma maneira que eles não percebem, não sou aquela filha que liga a cada hora pra mãe perguntando como ela está, o que está fazendo, se já almoçou, se está com dor. Sou aquela que parece que está completamente desinteressada, mas que os defende com unhas, dentes e corpo se for preciso. Deixo-os livre para voltarem à mim quando quiserem, mas eles são assim comigo ? Não.

            Meu único desejo é ser, viver e agir livremente e parar de ter crises de stress e descontá-las em quem não teve culpa alguma.