terça-feira, 30 de novembro de 2010

A certain romance



Havia coisas mais importantes agora para se preocupar e uma das piores (se desde já, não era a pior) era esquecer. É o que ela faz até hoje, dois anos depois de tudo, nada fora conforme o plano, foi de acordo com a realidade em que viviam.

Certo dia, experimentou o uso da expressão árcade "carpe diem", o qual muitos devem conhecer já, os que ainda não tiveram a oportunidade traduzo-lhes: APROVEITE O MOMENTO. Saiu com os amigos, há muito isso não acontecia em sua vida. Foram numa casa de shows em sua cidade, estava ela e mais uma amiga, esperando para comprar os ingressos. Conversa vai e conversa vem, uma mulher morena, dos cabelos negros como a noite e olhos doces se enturma com as amigas e diz "meu filho vai tocar hoje, estou ansiosa e nervosa por ele". Além de prestigiarem a banda que ia se apresentar por último, concordaram em ver a banda do filho dela.

Com o ingresso comprado, as portas se abriram para um corredor iluminado por luz negra e não muito longo mas já dava para se ouvir o som das guitarras, a voz grave do vocalista chamando pra cantar ... tudo aquilo a atraía pra aquele mundo, um mundo pelo qual admirava mas tinha medo de arriscar (como sempre). E lá estava ele, o filho dela. Tocava bem na visão dela, mas a banda tinha um grande envolvimento, bom era o efeito que causara nela. As músicas, a energia, os gritos, era quase um alucinógeno, uma droga perfeita que ela estava precisando. Esquecimento de tudo e todos. Distinguiu nos primeiros riffs as músicas mas não se contentou em apenas cantar quando tocaram "Rock and Roll all nite" de sua banda preferida, KISS (vale ressaltar que Gene Simmons é O CARA). O show acabou mas pediram bis!
As outras bandas foram chegando, suas legiões de recém-fãs encontradas na rua que ganhram ingresso de graça por apresentarem uma parte de seu modelito menor ou forçada a caber. Isso é deplorável.
Sentados na mesma mesa, partilhando o mesmo assunto: o show. Ela estava em estado de transe ainda, nem acreditara o que tivera feito, saiu de casa, foi se divertir, conheceu pessoas legais e cantou músicas legais. Sentado a duas ou três cadeiras à sua direita, estava sentado o seu futuro amigo. Vitor. Mesmo novo mas com um coração enormemente lindo. Uma pena que nesse dia não teriam conversado tanto quanto desejaram quando começaram a se falar. Horas depois, indo embora, ela resolve ligar pros pais e olhou de relace o relógio "20h20" - "tem alguém pensando em mim" ela disse, "quem ?". Não sabia. Chegou em casa, tomou um banho, conversou com seus pais, contou-lhes como fora o dia, foi pro quarto. Não ligou o computador. Dias antes isso teria sido visto como um insulto, mas hoje era um início de algo novo. Mudança, hoje ela agiria contrária ao plano. "BORN TO BE WIIIIIIILD" trilha sonora antes de dormir, sentia seu cérebro pulsar de tanto que pulava, cada célula se renovando de seu corpo. "Preciso disso de novo" pensou. Calma Laura! AS coisas nem sempre são assim. Meses depois, precisamente quatro após o show, reencontrou um rosto familiar. "Vitor!"
E assim, uma nova perspectiva. Era conforme o plano ?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Wouldn't it be good


O dia estava estranho hoje. De uma forma até medonha, parecia que ela sabia muito bem o que aconteceria pois até com medo de ficar na internet, estava. Estranho. O pior era que o dia estava tão lindo, suas primas brincando no quintal, a cachorrinha brincando, sua avó conversando com seu avô, ou seja, tirando a parte ruim de que seu fone de ouvido havia quebrado. Poxa, tinha baixado um álbum de sua banda favorita, Rooney (sim, existe) estava louca para escutá-lo. Só o que ela não sabia era que ficar com o fone quebrado ainda era uma boa notícia.
Sentou na cadeira, ligou o computador, olhou para o monitor ... esperou. Respirou e pensou "o que era essa agonia de computador agora ?" Nunca sentiu isso. Resolveu não insistir, sempre confiara nos seus instintos, mas mal sabia de que já havia falhado uma vez e não fazia muito tempo. Procurou algo para fazer, não ia ficar com suas primas no sol porque jamais conhecera alguém que fugia tanto do sol quanto si mesma, abriu a mochila e achou seu livro. Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Pottermaníaca de carteirinha era. Qualquer dúvida que os amigos tinham sobre o assunto sabiam para quem recorrer. Leu alguns capítulos, o cheiro de folha seca e nova renovou sua vontade de ficar na internet, queria descobrir o que era esse medo, queria tentar enfrentá-lo se possível.
Repetiu o processo. Logou no messenger. Ele não estava, estava outra pessoa que logo que a viu online, a chamou. Conversaram e em poucos minutos lhe seria revelado algo que mudaria muita coisa. "Quem é essa pessoa da foto ?" perguntou. "É meu melhor amigo!" respondeu. "E seu namorado, ele melhorou com você ? Estão bem ?" Laura deu continuidade ao assunto. "Ah, ele está muito chato, acredita que ontem ele se machucou e tá todo sensível, um saco" respondeu.
MACHUCOU ? Logo ele veio á sua cabeça. Ele tinha se machucado no dia anterior jogando bola com os amigos. "Não pode ser, ele nunca me disse que namorava" protestou.
Infelizmente, a partir do momento que temos o perfil de uma pessoa, no caso, orkut, não é difícil conhecer muito da vida dela sem precisar trocar uma palavra, pois então usou da ferramenta. E lá viu, eles juntos, era verdade. A verdade estava na sua cara e não viu. Lágrimas quentes de raiva, medo e decepção brotaram de seus olhos castanhos. Agora nem Deep Purple ou Motörhead ajudavam. Ela estava ferida. Ferida no coração. Tinha se entregado sem avisar para uma pessoa compromissada e agora como esquecer ? "Vou excluí-lo de tudo!" disse com raiva, "quero minha vida de volta" protestou.
Seu pedido seria realizado, mas depois de quase dois anos de espera.
Calou-se. Fechou-se em seu mundo mais uma vez, até chegar em casa e ter uma conversa longa com ele. Esclarecer era sua meta aquela noite. Mas não foi apenas esclarecimento que tiveram aquela noite, foi mais, muito mais. Foram quase confissões. O que aconteceria em seguida, seria tudo conforme o plano.

Breathe underwater


Chegou em casa. A mesma rotina, mas hoje era especial. Como sua prima havia notado havia um sorriso desabrochando discretamente no seu rosto corado de vergonha e anciosidade. Estava à espera da noite. Marcaram de se encontrar mais precisamente as 19h30. Como estava cedo, aproveitou para arrumar suas coisas da escola e ajudar a mãe no jantar. Pensou "meu pai chega as 19h30 todo dia, para evitar olhar o relógio e não ficar mais aflita, espero ele chegar, assim depois eu subo". O pai demorou a chegar, consequentemente ela se atrasou. Quando logou já era mais de 20h30 e "poxa, ele já saiu e nem me esperou". Ficou mais um pouco, as vezes a internet havia caído e não voltava, ou ele esqueceu. Esqueceu dela. Era um medo, mas uma hipótese, afinal, o que ele dise na noite anterior poderia ser como educação apenas, nada pessoal, mas ela não queria pensar nisso, queria pensar que ele havia se atrasado também. Duas horas se passaram e ela estava lá, os pais já chamando pra ir dormir e ela se recusava a sair sem antes dar uma palavra com aquele que havia mudado seu dia. 22h59 ... e ele a chama. TUM - TUM - TUM - TUM acelerando cada vez mais. "Desculpa Laura, não pude te avisar mas está chovendo muito forte aqui e não posso ficar mais tempo que esses 10 minutos" ele disse, "pensei que havia se esquecido de mim, eu te esperei desde as 20h30", rebateu ela, "me desculpe, mas tá chovendo muito forte e a energia tinha caído" tentou. "Tudo bem", foi apenas isso que ela disse e se deu conta de que um dos seus maiores inimigos a partir daquele momento seria a chuva e posteriormente, a distância

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Light of the morning

Se tudo tivesse acontecido conforme o plano, o que hoje é realidade, seria apenas o maior dos medos. Porque sempre há obstáculos para vencer em qualquer coisa que idealizamos. Antigamente eu era mais sonhadora, imaginava um mundo "meu", "dele", um mundo pra chamarmos de "nosso", se tudo tivesse acontecido conforme o plano.
Conforme o plano.
Plano de quem ? Deles. Daqueles que nos dão razão pra viver, que são mais do que pedaços de matéria, mais do que moléculas de carbono, mais do que qualquer explicação científica. Seria diferente. Hoje, aquela vida que antes imaginávamos, talvez, seria nossa realidade.
Certo dia, chegou em casa, estava sozinha. Os pais trabalhando, mas constumava ficar na casa dos avós até sua mãe ir buscar e perguntar-lhe como fora o dia e terem aquela conversa saudável de mãe pra filha. Como toda adolescente que faça juz à idade, adorava ficar na internet. Só não sabia o que lhe esperava aquele dia. O começo.
O relógio batia 15h ou pouco antes. Fez a mesma rotina que lhe cabia, ligou o computador e logou no messenger e no site de relacionamento. Lembrava-lhe da noite anterior quando, com a capacidade incrível de se encontrar pessoas e fazer novas amizades que o site proporcionava, havia visitado algumas pessoas, mas nada demais. Mas hoje, havia um pedido de aceitação de um garoto que se não lhe falhava a memória, havia sido visitado na noite anterior. E pra sua surpresa, contrariando sua política de recusar quem não conhecia, mas como quem vê cara não vê coração, sentiu-se segura de contrariar àquela ideologia. E como todo início de amizade começa com "oi, tudo bem ? tem msn ? beijo". Típico, mas quem nunca passou por isso ? O pedido fora aceito. Fora enviado um lembrete de aceitação "oi, tudo e você ? Está aceito, beijos". Naquela noite, os msn's foram trocados e adicionados. Ela o procurou em sua lista, como não sabia como estaria seu nickname, procurou com certo desespero até achar. "Oi" - ele disse. "Oi, tudo bem ?" - ela respondeu. E assim foi. Mas o que é bom, sempre dura tempo o suficiente para se tornar deliciosamente mortal. Menos de uma hora conversaram. E foi apenas com essa singela conversa que perceberam o quanto eram iguais, infelizmente. Manhã de quinta-feira, levanta cedo para ir à escola, aquela mesma rotina, mas hoje ela estava diferente. Sentia-se particularmente diferente. Um corte no cabelo ? Tênis novo ? Celular de última geração comprado fora do país ? Não, felizmente não. Ela ouviu algo que jamais ouvira. Ouviu um "você é muito bonita Laura". Sentia-se bonita agora porque alguém lhe olhara não como uma menina de 16 anos, cursando o 2º ano do ensino médio, mas como uma menina de verdade, alguém que podia conversar, podia começar uma amizade. Mas nem tudo é conforme o plano ...