sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dark of the matinée



Era numa sexta-feira de manhã quando o relógio despertou as seis e vinte. Viu na cabeceira uns comprimidos de dramin e lembrou que tinha tomado um antes de dormir. Naquela noite, sua cabeça mal trabalhara, mal sonhara e isso, naquela altura da luta contra seus sonhos, era vitória.

Laura agora trabalhava numa metalurgica, era ajudante financeira da parte administrativa da empresa e estava ali há exatos 11 dias. Saia de casa em tempo de não pegar trânsito e chegar cedo no trabalho pois aproveitava a carona dos pais. Logo que chegou na portaria, sentiu seu celular vibrar mas pensou "eu apertei o botão 'soneca' ao invés de desligar, droga!". Subiu as escadas e sentiu de novo. Após colocar sua bolsa na mesa a fim de procurar o celular, enfim vê o que era: duas novas mensagens. "Só porque não coloquei crédito esse mês" divagou ... mas dessas vez não era aviso ou bônus, era dele. Augusto dera sinal de vida logo de manhã e amaldiçoado o dia quando ela gastou o pouco de crédito que tinha em sms para Julia. Dizia que estava voltando para casa e estava bem e perguntou como ela estava. Desesperada por ver os sms quase duas horas depois, Laura entrou discretamente na sua caixa de entrada de e-mails e respondeu.

TUM-TUM-TUM-TUM e mais rápido. Engoliu as batidas pesadas de seu coração enquanto sentia o bombear cada vez mais perto de sua garganta. "Ele voltou hoje, nem acredito ... tava com tanta saudade" pensou alto. Sentiu sua mão ir automaticamente para o ícone "enviar e-mail" e só aí, conseguiu recuperar seu fôlego.

Sua cabeça rodava, rodava, estava difícil de se concentrar e tinha muita coisa pra organizar nas pastas. Não parava de olhar o relógio mas quanto mais o via, mais os ponteiros trabalhavam preguiçosamente, parece que os ouvia marcar os segundos. Era tarde, quase na hora de ir embora. Nessas horas ele poderia estar online, poderiam conversar, matar aquela saudade trancafiada de dias em algumas horas e poderia dormir em paz, sabendo que ele está bem.

Ela já imaginara o dia inteiro só por ler aquelas duas mensagens de Augusto...
E sabia como se sentiria se acontecesse, aquela tarde seriam deles e de mais ninguém. Seriam um do outro, com atenções exclusivas e recíprocas, seriam somente eles naquela tarde chuvosa de janeiro.

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