sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Red right hand



Ficamos num silêncio absoluto. Eu a olhava e ela mantinha o olhar fixo na janela, achava graça do balançar revolto do vento nas copas das árvores que davam para ser vistas pelo quintal da minha casa. Não havia palavras naquele momento, nada se comparava a dor que ela sentia e ao desespero que me passava. Naquela hora eu pensei "e se fosse comigo ? Como aguentaria ?" Eu simplesmente não sei responder, mas me coloco no lugar de Laura apenas para refletir. Ela amou intensamente e se culpa por amar duas pessoas. Como amar duas pessoas ? Mesmo diferentes, aliás o correto seria COMPLETAMENTE, cada um possuía algo que ela queria, algo que a deixava viva, algo que a alimentava. Augusto era simples, sincero, intenso, carinhoso, atencioso, preocupado, interessado, talentoso e tinha um grande coração, Laura o admirava muito. Vitor era um oposto extremo, excêntrico, marcante, contagiante e extrovertido, não existia hora ruim, aventureiro, um extinto nato de viver o momento intensamente sem desperdiçar nada. Laura sentia a energia que emanava quando estava com ele. Uma coisa, segundo o que ela me confessara era que analisando (e sem querer, infelizmente, comparando) era difícil se ter uma noção, ela sentia que tinha que passar por isso, tinha que entender a necessidade dos acontecimentos em sua vida e aos obstáculos que aquele plano lhe pregara. O que hoje a faz pagar por suas escolhas seria talvez a ingenuidade e a insegurança de ser esquecida em meio às pessoas, porque o que lhe amedrontava no passado, já era passado, hoje ela vivia sociavelmente, tinha amigos que se preocupavam o suficiente para lhe deixarem até com vergonha com as perguntas íntimas ... não queria mais viver como vivia há 15, 16 anos atrás.

Naquele momento, no arfar de respirações profundas super oxigenadas estava difícil contar com alguma ideia, alguma atitude. Eu sabia que ela veio me procurar esperando respostas, ou simples explicações para tudo aquilo mas eu, com o pouco de experiência que tinha me reduzia apenas a participar da conversa e me sensibilizar conforme ia me colocando no lugar dela.

Ela quer ser feliz, disso tenho certeza, não há nada que possa negar tal afirmação. Mas seus fantasmas, que durante alguns anos ficaram esquecidos pelo tempo, agora, lutavam para sair e retornarem a seus postos e o que eu consegui dizer naquela hora fora "lute Laura ! Lute contra eles ! Estenda a mão e dê um basta nisso ! Você sabe do que eu estou falando e tenho certeza que consegue ... basta querer !". Laura me revidou com um simples "nem sempre querer é poder Julia ... ".

Agora entendo. Laura estava passando por conflitos psicológicos entre o seu querer e o seu poder. Queria alguém, mas tinha alguém. Queria mas se continuasse assim, não poderia tê-lo. Tinha alguém ... mas, certas atitudes a faziam pensar seriamente se era aquilo que ela realmente queria.

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